Até a adolescência eu não pensava muito sobre feminismo. Sabia que no fundo era feminista, mas não era algo que eu expressasse muito. Um dia, lá pelos meus 20 anos, percebi que quase sempre que saía pra caminhar na rua levava uma buzinada ou ouvia alguma besteira,  e acabei expressando minha idnignação no facebook. Não demorou muito pra ver um menino dizendo que no fundo eu gostava daquilo, como toda mulher,  que faz bem pra nossa autoestima.

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Também já ouvi que eu não deveria usar roupas curtas. “As pessoas podem ter uma ideia errada de você, Bia”. Eu gosto de saias e shorts um pouco mais curtos e essa é a única ideia que eles deveriam ter sobre isso. Tá tudo tão errado que meu próprio pai já me pediu pra não sair um dia de short à noite, porque ia sair sozinha e ele tinha medo do que um homem com pensamento assim poderia fazer. Não que faça muita diferença, já que andando na rua com qualquer roupa isso acontece, e é por isso e pelo medo de enfrentar coisas piores que muitas mulheres não se sentem mais seguras sozinhas à noite.

É da nossa natureza julgar as pessoas, eu sei.  A gente sempre fez isso e sempre vai fazer, mas existe um limite, sabe? E você costuma saber qual é, quando uma “julgadinha” ingênua (normalmente feita mentalmente) se tranforma no que tem acontecido nos dias de hoje,  como o tal do slut shaming. Homens julgando mulheres pela roupa, pela falta de roupa. Mulheres julgando mulheres. A gente, que devia se apoiar a fazer e usar o que bem entender, tá perdendo tempo julgando outra pessoa pra tentar mostrar (normalmente pra nós mesmas) que somos melhores que ela. A gente tá jogando no lixo tudo aquilo que outras mulheres lutarem (e ainda lutam) pra gente poder ter, triste.

Outra coisa que tenho visto muito são meninas afirmando não ser feministas por não saber o significado básico da palavra. Inclusive uma das cantoras das músicas que coloquei aqui, a Meghan Trainor, afirmou não ser esses dias.  Ser feminista é buscar a igualdade dos gêneros (na medida das suas desigualdades), é acreditar que a mulher pode ser e fazer o que quiser. Acredito que a Meghan Trainor e várias outras meninas e meninos por aí são, sem saber, só se assutam com a palavra. Por isso é sim importante falar sobre o assunto como se tem feito.

Sobre as fotos de celebridades que vazaram (e continuam vazando), o Seth Rogan  disse no twitter:

“Posting pics hacked from someone’s cell phone is really no different than selling stolen merchandise.”

“Postar fotos hackeadas do celular de alguém não é diferente de vender mercadoria roubada.”

Acredito que quem compartilha faz o mesmo. Por isso, esqueçam as fotos da Jlaw, da Kim Kardashian e da menina da sua cidade. Se ela não te enviou a foto, não era pra você ver. Vamos também acabar com esse falso puritanismo, por favor? Não entendo como uma sociedade que se diz tão liberal pra tanta coisa pode querer retroceder em outras muito mais importantes. Ninguém quer pôr uma filha num mundo em que ela não se sinta livre pra fazer uma coisa tão simples como usar uma roupa que goste ou andar sozinha na rua.

Ah, a Emma Watson fez um discurso lindo sobre os problemas enfrentados tanto pelas mulheres quanto pelos homens devido a falta de igualdade de gênero. Ela também lançou uma campanha, a Heforshe, que busca a integração dos homens ao feminismo. Se você ainda não viu o vídeo, vê aqui:

A ONU também liberou uma pesquisa importante sobre a discriminação da mulher na indústria cinematográfica. Há muito tempo venho debatendo esse assunto com pessoas próximas e fiquei muito feliz com a pesquisa, que concluiu fatos como:

“Sexualização é o padrão para personagens femininos em todo o mundo: as meninas e as mulheres são duas vezes mais propensas que os meninos e homens a ser mostradas em roupas sensuais, parcial ou totalmente nuas, magras, e cinco vezes mais chances de ser referenciadas como atraentes (..).  Adolescentes (13-20 anos) estão propensas a ser sexualizadas como mulheres adultas jovens (21-39 anos).” Esses são alguns dos motivos que me fazem não gostar de certos filmes, em especial os de comédia, onde as mulheres quase não tem espaço e costumam ser degradadas, e os de ação.

Também recomendo a página no facebook Projeto Revista Cláudia, onde a Vanessa Mathias se dispõe a fazer tudo que as revistas femininas sugerem por 30 dias e relata pra gente, é uma forma leve e divertida de ver o assunto.

O texto ficou enorme, eu sei. É que tava tudo aqui guardado há um bom tempo, achei que agora era a hora de falar um pouco sobre o assunto hehe.

Espero que gostem das músicas (coloquei um pouco de tudo) e se inspirem :)

 

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